Método de meditação
A prática da meditação como forma de oração é uma das mais poderosas ferramentas disponíveis no arsenal do devoto católico para o seu desenvolvimento na fé e crescimento na vida espiritual. Comum desde tempos imemoriais, a meditação católica em muito se difere das práticas pagãs, sendo um momento de entrega total do espirito nas mãos do Criador através da contemplação de Suas Verdades reveladas, utilizando-se das potências interiores da alma – inteligência, vontade e imaginação. Como consequência, a prática leva o devoto ao aperfeiçoamento de sua vontade, ao desenvolvimento de afetos mais piedosos, culminando na determinação de firmes propósitos para a sua vivência de fé mais perfeita.
Dessa forma a meditação é, em si mesma, um ato de louvor a Deus, mediante a consideração afetuosa e piedosa das Suas Verdades, levando o fiel ao crescimento espiritual que lhe impulsionará a imitar as virtudes de Cristo e dos Santos.
A meditação cristã se inicia por meio de uma preparação devota, que começa desde antes do ato, mediante a constante batalha contra o pecado e a busca por viver uma vida pura (preparação remota); se seguirá então, na véspera ou momentos antes da meditação, a leitura dos textos e pontos que se pretende meditar, afastando da mente qualquer preocupação temporal. Ao fim desta preparação, Santo Afonso Maria de Ligório sugere que o devoto repita as seguintes orações, que têm por objetivo representar um ato de fé, de humildade e peticional para que Deus ilumine-o durante a meditação:
Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto. Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita. Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela. (complementa-se com uma Ave Maria e um Glória ao Pai).
Finda a preparação, começará a meditação através da análise e contemplação das Verdades apreendidas. Neste momento, o devoto poderá fazer uso do texto que já leu na preparação, lendo-o devagar, parando sempre nos momentos que despertarem seu espírito levando seu pensamento a Deus e meditando naquelas passagens. Da mesma forma, também usará de sua imaginação, buscando representar mentalmente todos os pontos que está a meditar. É salutar que se represente mentalmente, quando da meditação de uma passagem do evangelho ou de determinado mistério, o lugar, as pessoas e as suas ações como se efetivamente estivesse em sua presença.
A meditação seguirá então utilizando-se da inteligência que ponderará a Verdade que está sendo meditada, colhendo do texto e dos mistérios todos os frutos espirituais que lhe sejam apresentados. Para este propósito, cabe ao fiel lembrar que estamos sempre na presença de Deus e que Nosso Senhor Jesus Cristo, que cuida de toda a criação, presta especial atenção aos cristãos nos momentos em que estão em oração, portanto o espírito deverá estar sempre elevado ao Senhor e em Sua presença.
Ao final, com os frutos espirituais colhidos e o devido estimulo ao crescimento espiritual, o devoto se colocará novamente diante do Senhor, agora como se diante de um Amigo, e lhe apresentará todas as verdades apreendidas e as determinações da vontade frutos da meditação, tais como os atos de amor e piedade que se pretende praticar, ou os arrependimentos e os pecados que remendará, pedindo, neste ato, que o Senhor lhe proporcione uma devida contrição e os dons necessários para manter-se firme nos propósitos apresentados e nas penitências que tiver que enfrentar.
Para esse fim, poderá também fazer uso das orações ensinadas pela Santa Igreja:
Senhor, eu Vos agradeço as luzes e os afetos que me destes nesta meditação e Vos peço perdão das faltas nela cometidas. Meu Deus, eu Vos ofereço as resoluções que com a Vossa Graça acabo de tomar e resolvido estou a executá-las, custe o que custar. Meu Deus, pelos merecimentos de Jesus Cristo e pela intercessão de Maria Santíssima, dai-me a força de por fielmente em prática as resoluções que tomei.
Salienta-se que a meditação não se esgota com o fim do ato momentâneo, mas se estende indefinidamente na atenção que será devotada, ao longo do dia, nas Verdades apreendidas durante a meditação, bem como, na manutenção dos propósitos de vontade tomados, que deverão ser postos em prática tão logo possível, tanto nas pequenas, quanto nas grandes ocasiões.